Uma atividade de mãe galinha, literalmente
Temos investido muito em trabalhos temáticos, uma tendência inspirada pela minha paixão por Montessori e lá vamos nós Montessoriando em casa.
Com os vários materiais do Bosque Feliz (veja lista completa de materiais e brinquedos Montessori Friendly e links utilizados no final do artigo), criamos uma manhã de trabalho e brincadeira, com muita exploração que durou horas.
Foi simplesmente maravilhoso.
Começamos bem cedo, trouxe-a para a sala e lá vinha ela aos pulinhos, com um pequeno pônei a brincar.
Estampado na cara trazia a antecipação e a excitação de mais um dia de atividades com a mãe.
A comoção do espírito não era aflitiva e transparecia em cada pulinho, seguidos de pequenos guinchos de felicidade.
É delicioso de se ver. É um momento abençoado de se viver.
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Rapidamente a Gabi tira as chupetas e guarda num canto da mesa, relatando com felicidade cada passo do acto num momento único de auto-estima e auto-validação (somos muito organizadas e ela sente prazer nisso).
Olha para os livros da primeira mesa, puxa a cadeira e senta-se a explorar, com os seus infinitos “Qué ixo?”, numa sede de saber; numa ânsia de absorver.
Já vos disse que é DE-LI-CI-O-SO de ser ver?
(suspiros e mais suspiros de mãe galinha)
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Explora o livro com cuidado, cada detalhe, cada folha e eu vou acompanhando e adicionando informação, enriquecendo com astúcia a sua curiosidade.
Acaba um livro e diz “Já tá!” ao mesmo tempo que agarra o outro a guarda este. Tudo no seu lugar, em movimentos que tanto têm de sincronizados como de delicados. “Quando é que ela cresceu tão rápido? Mal fizeste 2 anos e já estás assim, tão crescida” - penso para comigo e deixo o coração transbordar de amor tocando-lhe na face com um gesto de ternura, a que ela responde com a boca em biquinho, esticando na minha direção e a dizer: “Beijxinho” - SMUCK - dá-se o beijinho e lá volta ela toda satisfeita para o seu livro número 2.
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Foi assim até decidir que chega de livros. Levanta-se e ignora a mesa 2 e a mesa 3, arregalando os olhos para a última mesa, a número 4. Eu acompanho e sigo os seus instintos, não há regras para o que vem primeiro.
Ela é quem manda.
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Preparei cada mesa dentro do tema, proporcionando diferentes atividades, trabalhando diferentes aspectos. A última estava reservada à exploração dos ovos, da casca, textura, uma atividade super sensorial.
Não deu nem 15 segundos e já estava ela sentada em frente do tabuleiro com os ovos, olhando para o ovo de codorniz e a dizer: “Ovo pequenino. É da Gabi”.
E lá foi ela, sem se quer pedir licença, porque ela sabe que este momento é dela, é ela quem esta a realizar o filme.
Descascou o primeiro ovo com pouca delicadeza, virando-se para mim e pedindo “Axuda”.
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Peguei no ovo com calma fui-lhe mostrando e explicando como se faz. Responde com um ansioso: “Obrigada”, como quem diz, agora sou eu.
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Comeu 3 ovos de codorniz antes de se interessar pela lupa e começar a olhar a casca do ovo. Catalogou todas as suas pintinhas, manchinhas e tonalidades, esboçando um “sujo” aqui, um “bolinhas” acolá e outro “que gxiro”.
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Foi a vez dos ovos de galinha e as ações repetiram-se. Esmagava as cascas rindo com um prazer de fazer franzir o nariz. Foi pegar o Livro “O Ovo” e dizia: “Igual”, mostrando-me com satisfação.
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Continuou a folhear e eu senti que o interesse iria mudar… e assim foi. Inclinou-se para as galinhas. Olhava o ovo dentro da galinha - uma imagem super descritiva no livro, que ensina como nascem os ovos de galinha - e lançou o olhar para a mesa 2, depois de subtilmente observar a mesa 3 ao lado.
Voltou ao livro, desta vez com o pintainho, o galo e a galinha. Dissecou as imagens, emparelhou os animais com a imagem do livro por iniciativa própria dando à eles ordem quase como quem diz - és aqui, não saias - e lá dizia: “aqui! Aqui. Já está”.
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Brincou com os cartões Maxi-Sequências da Akros, contando uma história, repetindo o que viu nos livros, dizendo uma enorme satisfação “igual”, “o pintainho”, “Não se come o ovo” - a explicar para mim que quando há pintainho não se come.
A face dela iluminava-se, quase que dava para lhe ver o cérebro a gravar cada informação e a dar ordem ao coração para bater mais forte de felicidade.
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Foi a vez dos Puzzles da Plan Toys e da Goki, junto com o meu pequeno Ovo DIY “Onde está?”.
Que deliciosas gargalhadas lhe arrancou este ovo.
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O puzzle da Plan Toys foi o mais indicado para a sua idade. Proporcionou gestos decisivos e organizados de onde se encaixavam cada peça. Sempre verbalizando os gestos, as fugas e
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acrescentando histórias e repetições do que foi absorvendo desde o primeiro minuto que entrou pela sala de manhã.
O da Goki serviu para fortalecer as imagens e sequência de como nasce um pintainho. Foi organizando as peças que retirava do puzzle montado para o pote, em movimentos de transferência, enquanto ia descobrindo a imagem de baixo, a cada gesto, a cada peça.
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Acabou tudo num gesto em que arranjava o cabelo para trás, limpava a boca e para minha grande supresa, olhou para mim e deu-me um abraço forte como quem dizia “Obrigada”, - (Cena de filme mesmo. Eu estremeci, apertei a lágrima de orgulho sem a deixar sair - não queria interromper o momento causando preocupação com a minha emoção, queria manter a Gabi como a protagonista desta manhã) - seguido de um “Qué maix”.
Eu repeti “Quer mais?”, para ter a certeza de que ela não estava farta - há que respeitar a criança, sempre. De ímpeto, olhou para onde guardamos os livros e agarrou no livro da Lagarta Comilona, abriu na primeira parte e disse: “O ovo”, apontando para o ovo da lagarta - eu derretendo por dentro de vê-la tão feliz e a articular tão bem os seus conhecimentos e aprendizados. Reforçou a vontade com um novo “Qué maix ovo”.
Seguiu-se um novo espaço a cozinha, onde havia a bancada preparada com mais atividades sensoriais e de vida prática de partir o ovo, abrir a casca, ver a gema líquida, comparar tamanhos, colocar dentro do copo. Vimos o ovo cozido, mexido e cru.
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Comemos tudo, nós duas, super felizes e satisfeitas, em união profundo, em sintonia de almas. (Aguenta coração…)
No final, ajudou a arrumar, jogando as cascas no lixo e colocando os potes para lavar. Não se interessou por lavar a loiça desta vez. Enquanto eu terminava de lavar, deixei-a estar e via-a pelo canto do olho, sentada em frente a arca, brincando com o puzzle magnético da Grimm’s enquanto falava em ovos e galinhas, com um sorriso enternecedor.
E eu? Ganhei o troféu de mãe galinha do ano,claro.
Correu tudo tão bem, que no final do dia, o pai teve direito a ver a bandeja com o livro e a sequência, mas foi o mano mais velho o escolhido para partilhar o seu conhecimento.
E lá estava ela a mostrar ao irmão mais velho tudo aquilo que aprendeu.
Revirava as folhas dos livros, mostrava-lhe o puzzle e perguntava à ele se sabia o que era... e o meu coração derrete-se devagarinho, gravando cada momento lá dentro.
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Mãe galinha eu? Não, imagina - cof, cof, cof
By Joana Paschoal, Blog Coisas da Vida
MATERIAL UTILIZADO - links de compra para a loja Bosque Feliz, basta clicar:
- Livro “O Ovo”, da coleção My First Discoveries, que pode adquirir na loja Bosque Feliz;
- Livro “O Inventário Ilustrado dos Animais”, da Editora Kalandraka - na loja Bosque Feliz;
- Livro "A Lagartinha Comilona" - na loja Bosque Feliz;
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- Livro “Imagier des Saisons” de Pittau Gervais - recomendação de uma amiga que me derreteu. Pensei em trazer para a loja, mas ainda não consegui. Comprei este na Wook;
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- O DIY do “Onde Está” - brevemente na categoria DIY do Bosque Feliz.
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